Dentre as funções paternas, educar é, sem dúvida alguma, a mais complexa, a que demanda mais tempo, paciência, flexibilidade, tolerância, compreensão e amor. Não se pode delegá-la a outras pessoas, porém pode-se somar à ajuda sempre bem-vinda.
A partir do momento em que o casal recebe a notícia de que está grávido, é interessante perceber como já começa a se preocupar com o modo como criará seu filho.
É difícil imaginar que, tanto o pai quanto a mãe, que vieram de famílias diferentes, com costumes e prioridades próprias, ainda mais se pertencerem a outras culturas e raças, tenham ambos que definir a forma e o conteúdo dos limites, valores e regras familiares e sociais, que serão passados para os filhos.
É complicado se não houver um consenso definido, mas mais facilitado se o respeito entre eles predominar na decisão tomada.
A criança aprende os limites e valores muito mais pelo próprio comportamento de sua família, pelo tipo de relação que observa entre seus membros, do que pelo que lhe é ensinado apenas com palavras. Assim, os pais devem se preocupar com suas atitudes para que não digam uma coisa e passem outra, pois ela estará sempre atenta às discrepâncias e, lógico, fará uso delas um dia.
Parece tudo fácil enquanto a criança não atinge o estágio em que começa a engatinhar e depois andar, correr e desbravar o ambiente doméstico, pois todo o perigo deve estar afastado. Os poucos “nãos” serão emitidos e os cuidados se limitam ao básico: higiene, alimentação, roupas adequadas ao clima e outros.
Mas, a partir do momento em que o mundo infantil adquire dimensões maiores e ela se percebe conseguindo alcançar objetos, sem noção de perigo, abrir e fechar gavetas e armários, tudo se modifica. Pior quando percebe que não pode ter tudo o que deseja por oferecer risco à sua integridade, não ser apropriado para sua idade ou por estar sendo manuseado por outra criança, por exemplo.
Enfim, quando se dá conta de que nem tudo foi criado para satisfazê-la e que deve controlar suas emoções mais fortes e agressivas ou expressá-las adequadamente em ambientes apropriados e seguros, os pais devem entrar em ação e ajudá-la, pois sozinha não conseguirá.
A necessidade de a criança ser contida nessa situação já dá noção de que o limite está sendo instalado. Ela tem que se adaptar às normas familiares, para um convívio pacífico e harmonioso. Sempre existirão coisas que poderá fazer e outras que deverão ser evitadas, em qualquer idade.
Alguns pais ficam receosos de dizer “não” ao seu filho e vão permitindo atitudes e comportamentos não desejáveis. Com isso, os desejos e imposições infantis vão aumentando, fortificando-se e, não se pode esquecer que um dia a criança estará crescida e se tornado insuportável e tirânica para todos, inclusive para os próprios pais, por não saberem mais lidar com as consequências de uma educação permissiva.
Ouço muitos relatos em porta de consultórios e escolas, de pais que não sabem o que fazer, pois estão cansados de apanhar de seus filhos pequenos, de aproximadamente três anos de idade.
Então vamos lá.
Para que a criança adquira noções claras de respeito ao próximo, de limites e regras sociais e familiares, os pais devem se utilizar de um tom sério, firme e seguro, com palavras da compreensão dela, para que não fique nenhuma dúvida em sua cabecinha e, repito, serem modelos daquilo que esperam que ela aceite, faça uso e de que não são negociáveis em nenhum momento, mesmo quando estiver mais amadurecida. Por isso se chamam regras familiares e não regras infantis.
Desta forma a criança estará preparada para enfrentar o futuro e as frustrações que, com certeza, surgirão.
(Ana Maria Morateli da Silva Rico - Psicóloga Clínica)
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